Dia Mundial da Filosofia 21/11/2024

Reflexão dia Mundial da Filosofia

“A busca da unidade para além das diferenças”

 

Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Filosofia instituído pela UNESCO, cujo objetivo, visa promover a reflexão sobre os mais variados temas de importância fundamental para o Ser Humano, o tema escolhido para o ano de 2024, procura a reflexão sobre uma problemática que nos dias que correm assume uma preponderância cada vez maior (infelizmente, nem sempre pelos bons motivos), “A busca da unidade para além das diferenças”.

Unidade e diferença… conceitos com significados divergentes, antagónicos e em muitos exemplos, extremados entre si, não deixa de ser irónico serem dois conceitos que tão bem definem a experiência humana. Vivemos num mundo em que muitas vezes se procura a homogeneidade, a unidade ou até a igualdade, mas é essencial reconhecer que a verdadeira essência, riqueza e arrisco a dizer, a viabilidade da Natureza no geral e Humana em particular, reside na diversidade. Bem conjugados, bem compreendidos e principalmente, bem aplicados, facilmente constatamos que a unidade não implica uniformidade no sentido de imposição, mas pelo contrário, ela revela harmonia nas diferenças. Falar de unidade e falar de diferença é falar do próprio Ser Humano, pena é que o próprio Ser Humano, não consiga (ou não queira) ele mesmo compreender a essência de que se constitui e seja o primeiro a deturpar, desfigurar, corromper e conspurcar a própria massa de que é feito, por exemplo, ao confundir diferença com intolerância.

Unidade e diferença… definem aquilo que o ser humano é, uno e único, um universo em si, com as suas particularidades, crenças e formas de ver o mundo. Todo o ser humano é igual ao outro e diferente ao mesmo tempo, sendo que as diferenças não devem, não podem ser barreiras, mas pontes que nos conectam, que nos aproximam. A singularidade de cada indivíduo traz novas perspetivas, enriquece o diálogo e promove aprendizagens mútuas. Ser diferente não é uma desvantagem é uma oportunidade de expansão, um convite à empatia e à compreensão.

O maior exemplo de unidade na diferença, vem da Mãe Natureza, pois a diversidade e diferenças, muitas delas extremas e opostas, são a própria constituição do nosso planeta (que é único) e servem não só para o seu equilíbrio, mas para a sua própria subsistência. Seja pela biodiversidade, pelos campos, pelos rios ou oceanos, pelas serras ou planícies pela extensa vegetação ou até pelos desertos mais áridos, às milhões de espécies existentes, cada um destes cumpre um desígnio muito importante nesta unidade global que se chama Planeta. Também o Ser Humano tem ainda muito a aprender com o nosso planeta, pois à semelhança deste, também deveríamos entender, Todos sem exceção, que a verdadeira unidade é aquela que reconhece e valoriza as nuances de cada ser, entendendo que é nas diferenças que encontramos a essência da vida e um propósito para a nossa existência.

Tal como disse um dia John F. Kennedy, “Se não podemos acabar com as nossas diferenças, contribuamos para que o mundo seja um lugar apto para elas.” Eu acrescento, ao invés de temer, desprezar e afastar a diferença, devemos antes abraçá-la, pois quero acreditar que é isto que nos torna verdadeiramente Humanos e é neste espaço que podemos realmente ser fecundos e fazer a diferença.

Para finalizar, penso que qualquer Ser Humano compreende perfeitamente o significado da diferença e a sua importância para a unidade, o grande problema é que este Ser Humano mostra grandes reservas em aceitá-la!

 

Carlos Clemente.

Professor de Filosofia.

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